Pulverização de micronutrientes nas folhas da soja aumenta a produtividade

Publicado em 14 de junho de 2018 - Categoria: NOTICIAS


Cobalto e molibdênio são dois dos elementos essenciais para a fixação biológica de nitrogênio, mas devem ser aplicados entre os estádios de desenvolvimento V3 e V5.

Para o produtor rural que está com a soja no campo em um dos estágios vegetativos V3, V4 ou V5 – três das fases de desenvolvimento vegetativo da planta – este é o momento adequado para dar um “up” na cultura. Segundo o pesquisador Fábio Mercante, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), é possível aumentar a contribuição do processo de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) – uma tecnologia limpa (uma das técnicas agrícolas sustentáveis do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do governo federal), que substitui o fertilizante nitrogenado mineral por um processo de simbiose, em que o nitrogênio é retirado do ar por uma bactéria denominada rizóbio para ser assimilado pela planta.

“Mesmo após o plantio da soja ter sido realizado, ainda está em tempo de se melhorar a produtividade da soja. Isso pode ser feito com a aplicação de dois micronutrientes: o cobalto (Co) e molibdênio (Mo), essenciais ao processo de fixação biológica de nitrogênio. Atualmente, as recomendações técnicas para aplicação destes nutrientes são de 2 a 3 gramas de cobalto por hectare e de 12 a 30 gramas de molibdênio por hectare. Para o resultado ser eficiente, a aplicação deve ser feita por meio de pulverização foliar, entre os estádios de desenvolvimento V3-V5”, diz Mercante.

Segundo o pesquisador, trabalhos de pesquisa demonstram que a aplicação dos produtos com estes micronutrientes diretamente nas sementes pode afetar drasticamente a sobrevivência das bactérias fixadoras de nitrogênio, a nodulação, a eficiência simbiótica e, consequentemente, os rendimentos de grãos da cultura. “Estes efeitos prejudiciais têm sido associados às formulações salinas dos produtos comerciais contendo tais micronutrientes”, explica.

Nodulação da soja por meio da fixação biológica de nitrogênio - Foto: Fábio M. Mercante/Embrapa
Nodulação da soja por meio da fixação biológica de nitrogênio – Foto: Fábio M. Mercante/Embrapa

A disponibilidade de fósforo (P) e cálcio (Ca) também proporciona o bom desenvolvimento da planta, o estabelecimento da bactéria e a interação planta-rizóbio, por potencializar os benefícios do uso de inoculantes microbianos na cultura da soja.

Temperatura do solo

O estresse hídrico e a temperatura do solo (temperaturas acima de 32º C principalmente) são duas condições em que o agricultor deve ficar atento. Esses dois fatores, associados ou não, afetam desde a sobrevivência da bactéria até as etapas da interação entre macro e micro-organismos que vivem em simbiose. “Nesta situação, manejos de solo mais conservacionistas, como o Sistema Plantio Direto, colaboram para a redução da temperatura nas camadas mais superficiais e para a manutenção da umidade do solo.

Essas foram algumas das conclusões obtidas após estudo realizado pelos pesquisadores da Embrapa por meio de um Comunicado Técnico (publicação seriada da Embrapa): Fábio Martins Mercante, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS); Mariangela Hungria, da Embrapa Soja (Londrina/PR); Iêda de Carvalho Mendes e Fábio Bueno de Reis Júnior, da Embrapa Cerrados (Planaltina/DF).

Rendimento dos grãos

Para áreas de primeiro cultivo, a inoculação das bactérias (rizóbios) nas sementes da soja são indispensáveis. “No Brasil, não se recomenda o uso de adubo mineral nitrogenado, mas é importante que a inoculação com estas bactérias benéficas seja realizada em todos os anos”, relembra o pesquisador Mercante, que acrescenta: “Em áreas de primeiro cultivo, o agricultor pode duplicar a dose de inoculante utilizada em cultivos tradicionais de soja, porque alguns fungicidas podem reduzir a nodulação e a fixação biológica de nitrogênio na cultura quando aplicados nas sementes.”

Nas áreas tradicionais, a pesquisa mostra que, nas principais regiões produtoras de soja no País, incluindo diversos locais nas regiões Sul e Centro-Oeste, o rendimento da cultura aumenta, em média, 8% quando se realiza a reinoculação de rizóbios, ou seja, a inoculação em todas as safras de soja. “Foram considerados apenas ensaios com rendimentos superiores a 2.400 kg/ha e foram obtidos incrementos de até 1.950 kg/ha pela reinoculação”, relatam os pesquisadores.

Em Mato Grosso do Sul, os estudos ainda mostram que o crescimento médio de rendimento de grãos de soja pode chegar a 9% em relação às plantas que não haviam sido inoculadas com rizóbios.

Mais informações

Confira a publicação ” Estratégias para aumentar a eficiência de inoculantes microbianos na cultura da soja”. Os resultados foram obtidos a partir da parceria entre os pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste, Embrapa Soja e Embrapa Cerrados, que está disponível no site da Embrapa Agropecuária Oeste:http://bit.ly/1M1GhaU

Fonte: Embrapa

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